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Com um título algo irónico (uma subtil referência ao termo 'belle-de-nuit', que significa prostituta em francês), este filme conta-nos a história de uma mulher que decide passar as suas tardes num bordel, como prostituta, enquanto o marido trabalha.
Todo o teor erótico reside apenas e somente na imaginação de Séverine Serizy (a personagem principal) que, embora não consiga ter contacto físico com o marido, tem fantasias masoquistas muito regulares que, de alguma forma, a intimidam. Decide, no entanto, dar aso a esses desejos contidos, e procura o bordel de Madame Anais (Geneviève Page), onde trabalha algumas tardes, apenas durante o horário de trabalho do seu marido Pierre Serizy (Jean Sorel).
O arco da personagem principal é extremamente interessante, passando de uma pessoa apagada e reprimida a alguém confiante e radiante. E ainda que o destino, no clímax do filme, não lhe sorria, Séverine mantém a compostura e nunca deixa de ser uma daydreamer.
Buñuel é um mestre no que toca a fazer filmes que nos falem sobre os segredos da natureza humana. Neste caso, é de realçar as passagens feitas entre os sorrisos de Deneuve e as divagações selvagens e sexuais da sua fértil imaginação.
Há, igualmente, uma profunda crítica à sociedade burguesa, implicita nas entrelinhas, em diversas cenas.
O filme foi premiado no Festival de Veneza, em 1967.
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Sara Toscano
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