sábado, 15 de março de 2008

Dexter

O conceito de “Dexter”, baseado no romance “Darkly Dreaming Dexter”, é um conceito puramente pulp. Da definição de pulp em “Pulp Fiction” (Quentin Tarantino, 1994) “A magazine or book containing lurid subject matter and being characteristically printed on rough, unfinished paper”, vamos esquecer a parte da má impressão em papel de fraca qualidade e centrar-nos na parte horrível e revoltante que a definição nos dá: Dexter é um investigador forense da polícia de Miami durante o dia e um assassino vingativo durante a noite.

É tão estranho, tão idiossincrático e tão deliciosamente cheio de humor negro, que o choque inicial é rapidamente minimizado pela surpresa por detrás deste conceito. Uma vez que a tortura e o assassinato são temáticas em ascensão na cultura pop televisiva, é certo que conseguimos ver-nos, de pontos de vista diferentes, como sendo psichos artísticos. Levanta-se, pois, a problemática matar é errado vs matar assassinos e pedófilos é certo, o que acarreta elevadas questões morais, não para o espectador, mas para os sistemas de gestão das sociedades contemporâneas.

Desde que nos foi presenteado – sim, foi mesmo um belo presente! - Hannibal Lecter a bebericar chianti e a cozinhar partes humanas ao som de música clássica, nunca mais houve uma personagem do mal que fosse minimamente carismática. Temos, pois, estado rodeados por personagens doentias, distantes da realidade, sem qualquer pedaço de humanidade que as caracterizasse e nos ligasse a elas. No entanto, o actor Michael C. Hall conseguiu trazer um tom familiar e mundano à sua impressionante caracterização de Dexter, provocando laços de simpatia entre a ficção e o telespectador.

Pedro Xavier

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