Foi a propósito do mais recente filme da Disney/Pixar, Wall.E, que me surgiu a seguinte questão: que outro filme de animação, na sua realidade espácio-temporal, teve semelhante impacto no público, na crítica, na indústria de animação? É verdade que o ano passado foi-nos dado um novo rato, desta vez um rato cozinheiro, de orelhas pequenas e sem um fato-macaco encarnado. Ratatouille foi um óptimo filme, sem dúvida! É melhor que Wall.E? A que nível? Haverá outro melhor? Recuemos então mais uns anos.
O clássico de Walt Disney de 1991, A Bela e o Monstro, não só é um dos melhores e mais bem conseguidos filmes de animação de sempre, como também merece, à semelhança do que actualmente acontece para Wall.E, um lugar de destaque numa lista dos melhores filmes da história do cinema. Apesar de não ter sido a maior produção dos estúdios mágicos da Disney, nem o mais recordado pelos miúdos (O Rei Leão detém aqui as honras), A Bela e o Monstro recebeu, no entanto, as mais entusiastas críticas, sendo reconhecido através da nomeação de um Oscar na categoria de Melhor Filme (nesse ano ganhou Unforgiven de Clint Eastwood). A Disney soube logo à partida estar perante um sério candidato a vencedor e, sem qualquer precedente na história do cinema, apresentou no festival de cinema de Nova Iorque 70% da animação. A calorosa recepção fez criar uma sensação euforia à volta de uma animação que não se via desde a Branca de Neve e os Sete Anões (1937).
Irresistível é dizer pouco do filme, porque cada frame está repleta de uma magia rara, quer estejamos a falar num filme de animação ou não, onde todos os elementos estão colados na perfeição, elevando o nível de qualidade que A Pequena Sereia estabeleceu em 1989.
O conto da Bela e do Monstro já é antigo. Os magos da Disney pegaram na história, deram-lhe um tom muito próprio, modernizando-a: Belle é uma feminista, com vontade própria, independente, forte e esperta; todos os objectos do castelo encantado, desde candelabros, relógios e chávenas, estão vivos e têm vozes e personalidades muito distintas. Por fim, a fera (na minha versão em VHS o filme é dobrado em Português do Brasil), outrora foi um belo príncipe que, amaldiçoado a ficar um monstro até ao final dos seus dias caso não aparecesse alguém que o amasse, não obstante a sua aparência, reina o castelo impondo o terror aos habitantes da aldeia mais próxima. Com a chegada de Belle, invade-lhe um misto de emoções: esperança que ela seja a escolhida para quebrar o feitiço e medo que ela o rejeite pela sua horrível aparência. Debaixo desta capa de terror, bate mais forte um coração, revelador da natureza do verdadeiro herói quando Belle se encontra em perigo e o Monstro arrisca a sua vida para a salvar.
O verdadeiro chamariz desta animação reside, não só nos novos efeitos especiais da época, mas também nos números musicais do filme. A sequência do baile, que mistura animação por computador com o clássico desenho à mão, é a melhor cena, em termos técnicos, de todo o filme. As outras sequências musicais podem ser igualmente comparáveis à do baile. Alan Menken e Howard Ashman (ambos de A Pequena Sereia) são mesmo os responsáveis pelo sucesso desta animação. Com toda a energia e audácia levam-nos para a Broadway, de onde retiram todas as regras para a elaboração de uma receita há muito esquecida nos anos 50/60, que é chamada de filme musical. Temos a canção inicial “There’s Belle”; “Gaston”, o tema do vilão; “Be our Guest”, com os utensílios de cozinha a cantar e a dançar; “Mob Song”, no ataque da população enraivecida ao castelo e o clássico “Beauty and the Beast”.
Pedro Xavier
O conto da Bela e do Monstro já é antigo. Os magos da Disney pegaram na história, deram-lhe um tom muito próprio, modernizando-a: Belle é uma feminista, com vontade própria, independente, forte e esperta; todos os objectos do castelo encantado, desde candelabros, relógios e chávenas, estão vivos e têm vozes e personalidades muito distintas. Por fim, a fera (na minha versão em VHS o filme é dobrado em Português do Brasil), outrora foi um belo príncipe que, amaldiçoado a ficar um monstro até ao final dos seus dias caso não aparecesse alguém que o amasse, não obstante a sua aparência, reina o castelo impondo o terror aos habitantes da aldeia mais próxima. Com a chegada de Belle, invade-lhe um misto de emoções: esperança que ela seja a escolhida para quebrar o feitiço e medo que ela o rejeite pela sua horrível aparência. Debaixo desta capa de terror, bate mais forte um coração, revelador da natureza do verdadeiro herói quando Belle se encontra em perigo e o Monstro arrisca a sua vida para a salvar.
O verdadeiro chamariz desta animação reside, não só nos novos efeitos especiais da época, mas também nos números musicais do filme. A sequência do baile, que mistura animação por computador com o clássico desenho à mão, é a melhor cena, em termos técnicos, de todo o filme. As outras sequências musicais podem ser igualmente comparáveis à do baile. Alan Menken e Howard Ashman (ambos de A Pequena Sereia) são mesmo os responsáveis pelo sucesso desta animação. Com toda a energia e audácia levam-nos para a Broadway, de onde retiram todas as regras para a elaboração de uma receita há muito esquecida nos anos 50/60, que é chamada de filme musical. Temos a canção inicial “There’s Belle”; “Gaston”, o tema do vilão; “Be our Guest”, com os utensílios de cozinha a cantar e a dançar; “Mob Song”, no ataque da população enraivecida ao castelo e o clássico “Beauty and the Beast”.
Não só somos transportados para a Broadway como também A Bela e o Monstro importa referências fílmicas muito marcantes na história do cinema. Ao jeito de homenagem, destacam-se, no mínimo, três clássicos: Citizen Kane, pelo castelo gótico nas cenas iniciais; The Sound of Music, quando Belle corre por verdes colinas, ao deixar para trás a sua aldeia ao longe e Frankenstein, no final, aquando a invasão do castelo é liderada por Gaston.
Combinando todos estes elementos, Beauty and the Beast, é uma mistura perfeita de romance, música, invenção e animação, num filme que não é só para miúdos, mas também para graúdos. Está para 1991 assim como Wall.E está para 2008: uma obra-prima!
Pedro Xavier
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