domingo, 25 de maio de 2008

Cat Power

Charilyn “Chan” Marshall, mais conhecida como Cat Power, anda há já tanto tempo pelo mundo do indie rock (desde 1995) que já é considerada uma favorita, uma representante do meio com um indelével talento que já não pode ser posto em causa. Mesmo quando compila um disco repleto de covers. A diferença reside no estilo reciclado, refrescante e revigorado que lhes dá, tornando-as suas as músicas de outros. Para introdução, com um ritmo de blues, apresenta-nos “New York”, uma versão repleta de explosivos drums acompanhados por uma guitarra atrevida.

A sua delicada voz flutua aparentemente sem rumo nem sentido por um percurso lânguido, criando um ambiente negro, iluminado por um ritmo etéreo que, na verdade, não pode ser descrito por palavras. É por isso que, onde tantos outros falharam na adopção musical de grandes clássicos, Cat Power consegue dar-lhes um novo tom. Os tons sombrios e cinzentos que preenchem “Ramblin’ (Wo)man” tornam a segunda música de Jukebox um aconchegante estado de falta de ecstasy e consciência, uma viagem pela sinuosa auto-estrada dos blues que tem como destino a realidade mística da sua voz melancólica.


Ao se olhar para as 12 faixas que perfazem Jukebox, encontramos uma diversidade de artistas que Marshall escolheu para prestar homenagem. Ao seu próprio jeito, vai ao clássico R&B de George Jackson e James Brown, aos blues de Jessie Mae Hemphill, ao jazz de Billie Holliday, ao folk/rock de Dylan e Joni Mitchell, etc. Por esta viagem à América o álbum dá seguimento até finalizar com Blue, uma música que caracteriza Jukebox na perfeição: a quintessência dos discos a tocar quando a noite vai longa, mais precisamente naquele momento em que o mundo ainda dorme, a noite finaliza e se espera o raiar do dia.

Sítios: AllMusic, MySpace





Pedro Xavier

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