segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Coupling


A sitcom britânica Coupling é brilhante em diversos sentidos, e muito particularmente no seu guião, escrito por Steven Moffat. Centra-se nas aventuras de um grupo de seis amigos (3 homens e 3 mulheres) que, na maior parte dos episódios, debatem as mesmas histórias entre si (ou acontecimentos similares), embora com visões sempre completamente distintas (basicamente, a visão feminina e a masculina de cada questão).

O sucesso desta série foi quase automático, e quando passou na BBC Americana, houve uma tentativa de adaptá-la, que falhou pelo caminho (afinal, é difícil igualar o charme dos ingleses, mesmo numa sitcom).

O engraçado é que, após alguns episódios, começamos a notar pormenores absolutamente fantásticos, como o facto de, embora se pense o contrário, os homens serem muitíssimo mais inseguros que as mulheres em relação a tudo (exceptuando a personagem Sally - Kate Isitt - que tem alguma dificuldade em aceitar a velhice e as forças da gravidade).

Os personagens funcionam na perfeição entre si, como um grupo. Complementam-se e têm sempre algo extremamente inteligente (ou estupidamente cómico) para dizer. Todos eles apresentam características vibrantes (notáveis mais do que a olho nu), como a incapacidade de Steve (Jack Davenport) de lidar com a pressão "I meant to say 'yes', and I missed by one word!" ou a sua sempre presente fantasia por Mariella Frostrup; a segurança e determinação de Susan (Sarah Alexander) que desconcerta as suas amigas, que invariavelmente se vão mostrando ligeiramente invejosas; a dificuldade que Jeff (Richard Coyle) tem de falar com as mulheres interessantes ou atraentes, que leva a uma constante frustração sexual (e constitui grande parte das cenas mais cómicas da série); a obsessão de Sally pelo seu corpo que está ligada ao seu maior medo - o de acabar sozinha; a visão redutora que Patrick (Ben Miles) tem das mulheres, conseguindo, no entanto, dormir com todas elas (talvez pela mesma razão que lhe chamam 'donkey' ou 'tripod') e, finalmente, a possessividade de Jane (Gina Bellman), especialmente por ela própria (e, claro está, a sua falta de inteligência, or so it seems).

A evolução das temporadas está muito bem conseguida, modificando as relações do grupo de amigos gradualmente, numa contínua relação de causa e efeito, nunca deixando perder o fio à meada e deixando os personagens crescerem sozinhos.

De recordar algumas quotes que, mesmo fora de contexto, conseguem arrancar um sorriso da cara do mais sisudo:

Sally: "What do you call people you go out with but don't try to sleep with?"
Patrick: "Men"

Jeff: "I love the word naked, it's brilliant isn't it, 'naked'? When I was a kid I used to write the word naked on a bit of paper hundreds of times and rub my face in it."

Sally: "At least you've been in there with Patrick. I've passed on my opportunity to be 'Patricked'."

Jeff: "When God made the arse, he didn't say, 'Hey, it's just your basic hinge, let's knock off early.' He said, 'Behold ye angels, I have created the arse. Throughout the ages to come, men and women shall grab hold of these, and shout my name!"

Susan: "Some men were born lucky. Some men were born very lucky."
Sally: "What was Patrick born?"
Susan: "A tripod."

Steve: "Jeff, every morning I wake up glad I'm not you."
Jeff: "Me too."

Jane: "I really quite like being single. Except for the bit about not having a man."

Steve: "This is not, I repeat, *not* an American sitcom!"


Sara Toscano

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