“Enchanted / Uma História de Encantar” é, verdadeiramente, a mais recente e deliciosa produção da Disney que nos faz recordar de tempos idos, de uma era já quase esquecida, em que Walt e a sua equipa não conseguiam fazer nenhuma animação que não merecesse nota máxima. Em 1964, o filme “Mary Poppins” – cuja personagem homónima foi interpretada por Julie Andrews – fez a ligação, a ponte entre a animação e a realidade através de um musical verdadeiro e mágico. Era um dos filmes favoritos de Walt Disney e, penso eu, que certamente hoje estaria enamorado pela história da princesa perdida de “Enchanted”. Não é por acaso que Julie Andrews é a narradora do já tão típico (refira-se, esquecido) «Era Uma Vez» introdutório das histórias de encantar.
Ao realizador Kevin Lima e ao argumentista Bill Kelly pediam-se garras para lidarem com este híbrido - “Enchanted” combina animação 2D, efeitos especiais e representação tradicional. Esta mistura, caso não fosse bem conduzida, poderia ser equiparada à queda de um elefante numa loja de porcelanas. Kevin Lima já tinha trabalhado em “A Bela e o Monstro”, “A Pequena Sereia” e “Aladino”, três das melhores animações da Disney.
A “História de Encantar” pode ser lida (o filme começa com um abrir de livro – que saudades!) tal e qual como outros clássicos, vejamos “Branca de Neve e os Sete Anões”. No prólogo, a solitária princesa Giselle (Amy Adams) de Andalusia, entoa para os seus amigos animais da floresta a canção que a fará ser encontrada pelo seu príncipe encantado, o portador do «true love’s kiss». O príncipe Edward (James Marsden) é corajoso e o par perfeito, mas os planos do casamento são arruinados pela madrasta má, a rainha Narissa (Susan Surandon num papel ainda mais maléfico que Cruella de Vil). Com receio de vir a perder o trono, Narissa empurra Giselle para um poço, que liga o mundo de fantasia ao mundo real (Nova Iorque), onde não há «happily ever afters». Já no mundo dos humanos, Giselle conhece Robert (Patrick Dempsey, Dr. McDreamy da série Anatomia de Grey) e a sua filha de seis anos Morgan (Rachel Covery). Depois a trama adensa-se quando Pip (o esquilo), Nathaniel (o ajudante da rainha), Edward e Narissa decidem seguir o mesmo caminho que Giselle, entrando no buraco do coelho.
Ah, como é refrescante ver que “Enchanted” tanto parodia as mais belas tradições da Disney como, ao mesmo tempo, as respeita e segue o seu rumo. São inúmeras as invocações às mais mágicas cenas dos clássicos da Disney que marcaram a infância de todos [galeria de fotos aqui]. Não há piadas nem sentimentalismos fáceis. Foi (re)encontrada a alquimia para a magia. Algures, onde quer que esteja, Walt Disney deve sorrir…
9/10
Pedro Xavier
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