terça-feira, 22 de julho de 2008

Léon (1994)

Certamente que todos os que viram Nikita, o filme de culto de Luc Besson no início dos anos 90, sentiram uma ligeira sensação de dejà vu ao visionar Léon. Este filme de 1994 é como que uma continuação da mesma temática, no entanto, com ligeiras diferenças: Nikita (Anne Parillaud) era uma rapariga da rua que se torna assassina em nome do governo para escapar à pena de morte; em Léon temos Mathilda (Natalie Portman), uma criança-mulher de doze anos que pretende tornar-se assassina, para vingar a morte do seu irmão mais novo.

Jean Reno interpreta um “cleaner”, um hitman profissional, sem mulher, sem amigos e sem dinheiro. Trabalha para o chefe da máfia italiana “Big” Tony (Danny Aeillo), do qual recebe os “trabalhos”, executando-os com precisão. Com o mesmo profissionalismo com que “limpa” os seus clientes, trata da sua planta num vaso, a sua única companhia. No mesmo prédio vive Mathilda que, um dia ao vir das compras, vê a família assassinada por um esquadrão de polícia de combate aos narcóticos, liderado pelo psicótico Stansfield (Gary Oldman). A câmara segue Natalie Portman por um corredor aparentemente infindável, a deslizar entre a vida e a morte até que se abre a porta da vida ou, de outro modo, a porta para a vida de Léon.

O primeiro instinto de Léon é ver-se livre da rapariga, mas não como está acostumado a fazer. Os dois acabam por ficar juntos, a aprender um com o outro. Léon ensina Mathilda a limpar a arma e ela ensina-o a ler e a escrever; ele ensina-a sobre a morte, ela ensina-o sobre a vida. Ele é um rapaz dentro de um corpo adulto, ela uma mulher no corpo de rapariga. Foi devido a este bailado, a esta interacção quase sexual entre as duas personagens que Léon não foi tão bem recebido pela crítica americana, no entanto, o romance proibido já antes tinha sido abordado em Lolita e a exploração de carácter sexual em Taxi Driver.

Léon, o filme, não é uma história de acção, nem de mafiosos, nem de polícias corruptos, embora misture todos estes ingredientes, com a grande maestria que Luc Besson imprime nas sequências de acção (The Fifth Element). Apesar destes factores, a sua grande força reside na interpretação dos actores. Jean Reno tem o papel principal mas cabe a Natalie Portman a honra de se destacar como actriz revelação afirmando-se, mais uma vez, como uma das grandes actrizes da actualidade.




Pedro Xavier

Sem comentários: