Há algo de sedutor na ideia de virar as costas à civilização e a todos os seus adornos. A maioria de nós entretém-se com esse pensamento durante o sonhar acordado ou naqueles momentos compreendidos entre a vigília e o sono mas, no entanto, não deixa de considerar tais pensamentos pouco práticos e irresponsáveis. Existem sempre os relatos daqueles que dão este corajoso e irracional salto – o salto entre o sonho e a realidade, embora nem sempre com o happy ending desejado.
Into the Wild combina dois géneros populares: a viagem (roadtrip) e a eterna luta do Homem vs Natureza. À medida que o filme começa, Chris (Emile Hirsch) já atingiu o seu objectivo: a natureza intocada do Alasca. Encontra uma carcaça de autocarro, da qual perfaz abrigo e habitat para sobreviver durante quatro meses. Os flashbacks que nos contam a história (talhada maravilhosamente por capítulos) são empregados com o intuito de mostrar como Chris chegou lá. Entretanto, intercalada com estes vislumbres do passado, a narrativa avança gradualmente vagabundeando pelo território belíssimo mas sombrio do Alasca. A história de Chris é tanto heróica como prudente; simultaneamente corajosa e estúpida. Penn consegue contar e mostrá-la sem qualquer tipo de pretensiosismo do carácter ou as acções da personagem. Mostra apenas a admiração por um homem que percorre todo um território em busca de um sonho e de uma causa. Penn, numa entrevista revela “o filme é sobre alguém com uma força de vontade muito pouco comum na actualidade. Alguém com uma ausência de apego ao conforto que é pouco comum e que é necessário tornarmos comum, de outro modo a Humanidade não sobreviverá ao próximo século”.
Tal como se diz nos road movies é a viagem que realmente importa e não o destino, que é o caso de Into the Wild. Para Chris, a viagem ao Alasca é o que lhe dá alegria. As pessoas que encontra no caminho – nómadas hippies, trabalhadores de campos de trigo e o avô (figurativo) – contribuem para enriquecer a sua existência. Quando chega finalmente ao norte e passados alguns meses de solidão, chega à conclusão que a sua jornada espiritual acabou e à verdade que tanto ambicionava encontrar. Sabendo já do seu fim - a encarnação figurativa da morte pela aparição do urso - escreve “a felicidade só existe quando é partilhada”.
Into the Wild - O Lado Selvagem, é um filme belíssimo com segmentos e imagens poderosas – com o seu avô adoptivo (Hal Halbrook) e os momentos passados no autocarro “mágico” – acompanhados pela música do vocalista dos Pearl Jam, Eddie Wedder. A força e amplitude da duração do filme dão-lhe muitas abordagens, nas quais sobressaem as críticas a uma ridícula sociedade burocrática onde é oprimido o sentido de viver.
9/10
Pedro Xavier
2 comentários:
A partir do momento em que soube que banda sonora era do Eddie vedder fiquei com uma vontade enorme de ver o filme. E claro quando estrou fui logo=P
Gostei muito do filme, tive pena foi do rapaz só ter dado valor ás pessoas no fim. É como se diz, só quando faz trovoada é que se reza a santa bárbara.
Força aí Xavi1
O filme é .. wow
Top 10 de uma vida sem duvida
E a banda sonora não podia estar melhor.
Tou parvo mesmo... e com uma granda vontade de pegar na mochila :P
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