Manhattan tem sido, na maioria das vezes, o alvo preferencial de realizadores dos chamados filmes de apocalypse. Pelo que se tem visto até aos dias de hoje, já dá para retirar uma ideia acerca da qualidade do filme (lembro-me do absurdo Godzilla). No entanto, com alguma inspiração no 11 de Setembro, um ritmo ofegante e um medo oculto, o mais recente filme do realizador Matt Reeves irá ressoar pela história do terror na cidade de Nova Iorque, tal como nenhum outro alguma vez o conseguiu.
Cloverfield é, essencialmente, um filme feito de câmara ao ombro, tal como se viu no sobrevalorizado Blair Witch Project e no mais recente vencedor do Fantasporto, [REC]. O filme segue de perto um grupo de jovens em busca de uma amiga presa num edifício, depois de um monstro ter saído do mar e decapitado a cabeça da Estátua da Liberdade, enviando-a para as ruas a meio do lower East Side. Se bem que não se diga, este acaba por ser o momento mais simbólico do filme produzido pelo criador da série televisiva Lost, J.J. Abrams. Tal como naquela trágica manhã de Setembro, a queda de um símbolo da cidade (na realidade é a queda do valor essencial que representa o alicerce máximo da sociedade norte-americana) conduz o espectador por uma exaustiva réplica do pânico generalizado que se gerou, então, nas ruas de Nova Iorque.
No geral, Cloverfield é rápido, pessoal, imediato e cheio de fumo e fuligem. Porque nada aconteceu se não for gravado numa câmara (toda a gente o sabe) é fundamental que este objecto de culto do século XX siga todos os passos das personagens, todos os esguichos de sangue, todos os dramas, romances e histerias, como se fosse um reality-show. Assim como um mau filme costuma ser, Cloverfield segue o caminho oposto: não oferece respostas, mas oferece quase 90 minutos de entretenimento. Já há o cheiro a sequela no ar…
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