quarta-feira, 30 de julho de 2008

Beowulf (DVD)

O filme Beowulf de Robert Zemeckis pode ser visto de duas maneiras: sobre o que trata e como lá chega. A história do guerreiro viking Beowulf data de há séculos e foi passada de geração em geração até ser lida nas escolas. Adaptada por Neil Gaiman (“MirrorMask”) e pelo co-argumentista de Pulp Fiction Roger Avery, conta a viagem de Beowulf à Dinamarca com os seus cavaleiros, os Thanes, para vencer o monstro Grendel que aterroriza o reino do rei Hrothgar e como Beowulf enfrentou a tentação da sedutora mãe de Grendel.

Zemeckis conta a história de maneira tão atractiva que, desde o primeiro instante, nos prende a atenção. Através de animação de computador foto realista, o filme capta as texturas de maneira brilhante. A madeira do salão do rei Hrothgar, os dentes afiados e a carne de Grendel, o cabelo da rainha Wealthow, o líquido que escorre pelo corpo nu da mãe de Grendel e muito mais. A animação traz ainda elementos da lenda para a magnitude do grande ecrã, tais como a luta de Beowulf com o dragão.

É, no entanto, o elemento humano que mais causa perplexidade. Zemeckis conseguiu reunir um impressionante elenco de luxo para dar corpo e voz às personagens: Ray Winstone como o valente guerreiro Beowulf, Anthony Hopkins como o velho rei Hrothgar, Robin Wright Penn como a bela rainha Wealthow, Brendan Gleeson como o fiel tenente Wiglaf e Angelina Jolie como a bruxa sedutora e mãe de Grendel. Zemeckis usou tecnologia motion-capture – pôs os actores vestidos com fatos repletos de pontos, filmou-os e colocou a informação do seu movimento e posição em computador. Esta tecnologia já antes tinha sido usada em 2004 em Polar Express.

Beowulf, o filme, aparte os espantosos efeitos visuais e virtuoso elenco, não passa de um mediano filme de acção. O surpreendente na história está no argumento, na introdução da vulnerabilidade e da fraqueza humana por detrás da lenda. Desejo, traição e culpa fazem parte do centro psicológico de Beowulf, dando à luta final com o dragão algum significado freudiano. Woody Allen tinha dito em Annie HallJust don't take any course where they make you read Beowulf”.





Pedro Xavier

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