Aqui há dias, passeava eu pelas ruas da baixa lisboeta, parei para apreciar o homem estátua que lá se encontrava, invariavelmente. Aquilo fez-me sorrir. O senhor estava extremamente bem caracterizado, com música a acompanhar e tudo. Prendeu-me a atenção durante uns bons cinco minutos. Nisto, no meio das pessoas que paravam para ver, surge um daqueles comentários de bradar aos céus "Mas o que é que estes estão aqui parados a ver e a tirar fotos? É só um homem parvo, parado em cima duma coisa". Santa ignorância que me faz perder as estribeiras.
Os homens estátua são pura Arte, uma tradição de muitos e muitos anos. Há que parar para apreciar ou, pelo menos, saber respeitar. Por muito que aparente ser uma estranha forma de vida.
Para quem não sabe, esta tradição vem do teatro e da arte de representação. Servia, antigamente, para encher de cultura áreas vazias nas ruas.
Existem vários tipos de estátuas vivas, desde a clássica greco-romana (branca de cal), à imitação de pedra, de terra, de ouro, de bronze, de prata, às estátuas temáticas (históricas) e ao mais moderno manequim de rua (que não se vê muito em Portugal).
Os músculos retesados, os olhos que mal piscam, o controlo sobre a respiração, tudo faz parte. A cuidada caracterização embeleza as ruas. O efeito visual da ilusão capta olhares.
São estas pequenas coisas que conseguem arrancar sorrisos.
Sara Toscano
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