"O mínimo que é tudo" é uma expressão que pode, indubitavelmente, resumir a coreografia de Swan Lake, 4 acts. Quando as palavras de nada servem, quando os olhares pouco valem.. a capacidade de expressão corporal de Raimund Hoghe e dos seus quatro bailarinos é estrondosa. A sensação de estranheza quase consegue abalar.
Do original Lago dos Cisnes, Hoghe mantém uma compilação divinal de Tchaikovsky que se vai repetindo ao longo de todo o espectáculo. E mantém também o significado do Amor. Tudo o resto diverge, convergindo para uma diferença maior: a beleza é espectral, a fatalidade é absolutamente inevitável, a dor é notória. Sofre-se a cada movimento contido e retraído.
A apresentação de um conjunto de elementos externos é digna de referência: doze cadeiras para cinco pessoas, uma vela, cisnes de papel, lenços para tapar os cisnes, casacos compridos, cubos de gelo que se transformam em circulos de água, alguns punhados de areia. Cada qual a sua simbologia, o seu significado inerente. Abstracto.
Qualquer um dos elementos, a meu ver, quer fazer passar ao público a ideia de alguma infantilidade. Doce inocência. A sensação da existência e persistência dos sonhos nas vidas de cada um de nós. A necessidade que deles temos.
Em termos técnicos, a delicadeza do Ports de bras clássico é comovente. A cena com mais força é a do final do IV acto, quando o cisne disforme morre de amor. A nudez de Hoghe não espanta, não repele, não embaraça.. é pura arte.
A marca de Raimund Hoghe está bem cravada em Swan Lake, 4 acts. É uma experiência inesquecível sobre um mundo idealizado. Um mundo melhor. Um mundo lindo.
Sara Toscano
1 comentário:
Tantos maus comentários das pessoas na plateia, tantos ares de frete mas será que alguém conseguiu entender o que era realmente Swan Lake, 4 acts de Raimund Hoghe?
Eu gostei. Um homem frustrado por não conseguir ser o bailarino que sonhara consegue fazer um espectáculo bem mais bonito, inteligente e interessante que muitos bailados que andam aí.
Sara eu gostei ok?? :P
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