segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Story, by Robert Mckee


Robert Mckee é um professor de escrita criativa, popular pelo seu "Story Seminar" (que vem agora a Portugal, em Novembro deste ano), desenvolvido aquando da sua experiência como professor na University of Southern California. Mckee é o autor da bíblia dos guionistas, Story: Substance, Structure, Style and the Principles of Screenwriting. Nesta obra, o trabalho de guião é analisado ao pormenor, com maior relevância para a estrutura narrativa como um todo, com diversas partículas e possibilidades que se podem escolher e seguir.

Basicamente, Mckee dá-nos toda a técnica para contar histórias (e não é isso mesmo que faz um guionista?); desde fontes de inspiração, registos escritos, géneros cinematográficos, estrutura do texto, formatação, personagens, substâncias de uma história, a divisão em Actos (Syd Field), o design das cenas, a sua composição, o inciting incident, a crise, o clímax, a resolução, os princípios antagónicos, a exposição, os problemas, contratempos e gaps, o método, os diálogos, a poética aristotélica, entre muitas outras, todas de extrema importância.

Para Mckee, uma história é sobre princípios, não regras (sabemos como é que as coisas funcionam, mas as regras existem para ser quebradas); é sobre formas universais (que façam sentido, de alguma forma, em qualquer parte do Mundo); é sobre arquétipos e não estereótipos (os estereótipos são redutores, os arquétipos universalmente reconhecidos); é sobre persistência, não atalhos (é necessário dispender de uma quantidade enorme de tempo e esforço numa história); é sobre as realidades da escrita, não os seus mistérios (desde Aristóteles e a Poética); é sobre Arte, não mercado; é sobre respeito, não desdém pelo espectador (ter sempre presente que o espectador já viu tudo); é sobre originalidade, não duplicação (atenção às escolhas que são feitas).

Story é um livro fundamental, especialmente para quem quer seguir esta área.


Sara Toscano

Doomsday

Este filme de Neil Marshall (realizador e guionista do mesmo) assenta no pressuposto “a humanidade tem a sua data de validade”. Para um filme que não é mais que tudo aquilo que já toda a gente viu, Doomsday não cansa, nem é uma perda de tempo: pelo contrário, dentro de toda aquela “impossibilidade” em termos de argumento ou género, consegue prender-nos à cadeira, levando-nos a revisitar universos que tão bem conhecemos de toda a nossa cultura visual, sem que nunca os tenhamos imaginado juntos, num mesmo espaço e tempo fílmicos. A ideia do vírus letal que infecta milhões de pessoas e mata centenas, já está muito vista; no entanto, “in the land of the infected, the immune man is king” é um conceito poderoso. E Rhona Mitra é perfeita para o papel.

Doomsday é muito bom ao levar as personagens (especialmente Eden Sinclair e Sol) ao seu limite, explorando muito bem as forças antagónicas que os impedem, incessantemente, de atingir os seus objectivos.
O arco da história (negativo – positivo – negativo) está muitíssimo bem conseguido, demonstrando uma grande evolução na personagem principal (Eden) que, enquanto no início do filme é levada para fora da zona de quarentena (e para longe da sua mãe), no final opta por permanecer lá, como numa tentativa de alterar o rumo que a história dela levou.

Pontuado com um humor deliciosamente negro, a apresentação da personagem de Eden, muito visual, funciona na perfeição, fornecendo todos os dados necessários à compreensão das motivações e consequentes atitudes que vai tendo, e das opções que toma, facilitando não necessariamente uma simpatia instantânea pela personagem, mas, definitivamente, uma grande empatia. A energia do argumento é inesgotável (ou assim parece), as referências a filmes como Os Salteadores da Arca Perdida tornam-no numa pequena delícia para os mais aficcionados do cinema; em termos técnicos não tem grandes falhas e o ritmo da montagem está em conformidade com a acção. A capacidade de surpreender o espectador é inesgotável, sendo considerado por muitos um “roçar no ridículo”. Talvez seja disso mesmo que o filme vive, de outra forma não se poria a questão “se não fosse daquela maneira, será que funcionava?”

De notar, no entanto, o fraco trabalho de personagens secundárias, que não chegavam a trazer nada de novo ao mundo ali idealizado (não digo todas, mas, por exemplo, afinal quem eram todos aqueles que acompanharam Eden à zona de quarentena? Por que foram lá? Porquê eles e não outros?); talvez também o clímax e a resolução deixem um pouco a desejar, no sentido em que toda a história é construída com vista àquela acção final que, podendo deixar as coisas em aberto, não deixa nunca dúvidas em como as coisas não poderiam terminar doutra maneira.

De um modo geral, e para quem falhou a estreia aquando do festival de terror (Motelx), Doomsday é uma obra que deve ser vista e apreciada, livre de preconceitos.






Sara Toscano

domingo, 28 de setembro de 2008

A Review on Death Magnetic


Cinco anos depois de lançarem St. Anger (2003), os Metallica lançam agora o novo álbum Death Magnetic. Tendo passado por um período conturbado, a banda de heavy metal aparenta agora uma consolidação que permitiu a produção de mais uma obra musical única e indispensável. Death Magnetic é arrojado em todos os sentidos; e é a prova de que a idade lhes assenta tão bem!

Naquilo a que se pode chamar um 'reencontro com a sua essência', a estrutura das músicas que compôem o novo álbum remete aos louváveis primórdios da banda, que se alteraram ligeiramente (o que não implica que seja para menos bom, apenas para diferente) com o Black Album (1991), com um ritmo menos acelerado.

St. Anger representou um descarregar de energia (negativa, pelo que dizem), classificado por muitos críticos como uma produção bizarra de "group-therapy session" (donde, no entanto, se retiram singles absolutamente extasiantes, como Frantic, St. Anger ou Some Kind of Monster, entre outros).

Com duas novidades (o baixista Robert Trujillo e o produtor Rick Rubin), Death Magnetic tem muito de ...And Justice for All, Master of Puppets e Ride the Lightning. E para reparar nisso, basta ouvir os primeiros segundos da primeira música do CD.

Segundo a própria banda, o título do álbum é um tributo a todos os companheiros do universo musical que perderam as suas vidas, pelo caminho, deixando muito ainda por fazer (ressoa sempre o nome de Cliff Burton). E, diga-se, enquanto tributo, não poderia ser mais representativo de todo o espírito que envolve o nome sonante da banda e a sua carreira; enquanto álbum, considera-se este trabalho mais um renascer que uma morte (embora a morte seja a temática recorrente dos lyrics e do design do conteúdo do CD).

Os lyrics são invariavelmente poderosos (The Judas Kiss) e o primeiro single, The Day That Never Comes, é comparado à One (...And Justice for All), numa combinação de balada e trash que, no entanto, não deixa a um canto a Broken, Beat and Scarred, onde a inconfundível voz de James Hetfield ganha uma extrema força nas linhas "What don't kill ya make ya more strong".

É um álbum que tem tanto de obrigatório, como de genial.

Sara Toscano


sábado, 27 de setembro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Poster - Quantum of Solace


Não se pode dizer que não há expectativa quanto a Quantum of Solace, o mais recente filme das aventuras de James Bond. Um Bond vingativo, de orgulho ferido e em busca de algo mais do que a sua missão? A premissa é boa, digna dos romances de Ian Fleming. Quantum of Solace tem já uma vantagem à partida: mantém a mesma equipa de Casino Royale (2006) e, se tudo correr bem, terá, novamente, o mais fiel actor à personagem desde George Lazenby. Pois, leram bem! Este senhor, que deu corpo à personagem em On Her Majesty's Secret Service (1969), apesar de canastrão e sensaborão, acabou por fazer deste filme um dos mais fiéis aos romances. Que saudades também de Sean Connery em Thunderball (1965) e Goldfinger (1964), tão bons ou melhores que os livros! Outro tão pouco falado é o From Russia With Love (1963) onde, no romance, o nome James Bond só aparece passado uma centena de páginas. Floreados literários à parte, havia magia nestes filmes: desde o genérico ao poster que a imagem de James Bond ganhou um estilo muito próprio.

Relativamente ao último poster e, supostamente, o poster final do filme, é aparentemente oco no conteúdo ao se mostrar duas pessoas, numa tentativa de ter um ar cool, perdidas no deserto. No entanto, é um poster de Bond atípico em que o olhar das personagens é perturbado e apresentam uma cumplicidade que os une, não pela habitual atracção que Bond provoca nas Bond girls mas por terem um objectivo comum.

Pedro Xavier

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Empire presents...


Uma das mais conceituadas (e vendidas) revistas norte-americanas de cinema elaborou uma votação (a maior de sempre) para eleger os 500 melhores filmes de sempre. A escolha pode não ser consensual, uma vez que é resultado de uma votação. Sim, a maioria dos filmes é de origem norte-americana, não que isso seja mau, mas às vezes falta ali um Kurosawa, Bergman, Fellini, Antonioni, Godard ou Buñuel nos lugares de topo. Mas vale a pena passar os olhos, nem que seja pelas belíssimas fotos que lá estão. É tão bom reviver, pelas fotos, os grandes filmes...

Revista Empire
The 500 Greatest Movies of All Time

Pedro Xavier

O Sonhador

Ian McEwan, o autor inglês de Cães Pretos, Amesterdão, A Criança no Tempo, O Jardim de Cimento, Expiação e A Praia de Chesil, apresentou em 1994 o seu segundo romance para crianças, The Daydreamer ou, em português, O Sonhador. O Sonhador foi o meu primeiro livro de McEwan e despertou-me rapidamente o interesse para as suas restantes obras. Não se pense que por ser para crianças não o devemos ler. A maravilhosa imaginação e ideias contidas nas suas páginas, são inspiradoras para mentes de todas as idades.

A personagem principal é um rapazinho de 10 anos chamado Peter e é nesta personalidade que Ian McEwan projecta a sua. A mente de Peter leva-nos por um mundo vastíssimo e rico em imaginação e aventuras, contendo todas as perguntas e respostas que alguma vez, consciente ou inconscientemente, já nos fizemos. Em sete episódios, o escritor Peter Fortune, já em adulto, revê as secretas aventuras e metamorfoses de infância. Ao viver, algures, entre o sonho e a realidade, Peter sofre transformações fantásticas: troca de corpo com o gato velho lá de casa, tem uma batalha de bonecas furiosas ou então encontra um creme na gaveta de cozinha que quando espalhado faz desaparecer as pessoas.

O Sonhador está maravilhosamente bem escrito, elaborado e imaginado, com o poder de nos cativar a cada página que viramos. As ideias que McEwan teve, aliás, que Peter tem, ficam-nos para sempre na memória.




Pedro Xavier

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Poster - Face/Off (1997)

Parece um poster de Saw mas desenganem-se. É assim que se fazem posters na Europa de leste, mais especificamente na Polónia. Este é o de Face/Off, o filme de John Woo de 1997, que opunha John Travolta a Nicolas Cage, polícia e assassino, numa troca de identidades atípica. O realizador chinês e realizador do incompreendido Mission: Impossible II (2000), já aqui impunha o seu estilo oriundo do cinema oriental, repleto de bailados metafóricos ocultos nas cenas de acção. É sem dúvida um filme de acção a não perder.

Pedro Xavier

Novidades da manhã #1

Revolutionary Road, o mais recente filme de Sam Mendes (American Beauty, Road to Perdition, Jarhead), volta a reunir no grande écrã as estrelas de Titanic (James Cameron, 1997) Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. Desta vez mais crescidos e maduros, os actores interpretam um casal inconformado com os tempos em que vivem, em permanente busca de realização pessoal num sufocante mundo de convenções. O romance de Richard Yates (de 1961) foi eleito pelos leitores da Time Magazine como um dos 100 melhores romances de sempre. Fiquemos com o trailer



Pedro Xavier

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Tema de Quantum of Solace disponível para audição



Alicia Keys e Jack White, dos White Stripes, gravaram em conjunto o tema principal do 22º filme de James Bond, Quantum of Solace, que terá estreia mundial a 29 de Outubro (em Portugal foi adiado para 6 de Novembro). A música, "Another Way to Die" é o primeiro dueto na história da banda sonora dos filmes do herói britânico. Jack White é o responsável pela letra e pela produção do tema, que será acompanhado pela magnífica voz de Alicia Keys e pela partitura de David Arnold, que dará corpo ao filme.


Quantum of Solace tem pela segunda vez como herói Daniel Craig (Casino Royale) e conta novamente com a participação de dame Judi Dench (M), Jeffrey Wright (Felix Leiter), e Giancarlo Giannini (René Mathis). A realização será novamente da responsabilidade de Marc Forster (Casino Royale), sustentada por um argumento sólido que lhe dão os nomes de Neal Purvis, Robert Wade e, essencialmente, Paul Haggis (Crash, Million Dollar Baby, Flags of Our Fathers, In the Valley of Elah).

Aqui fica o tema "Another Way to Die"
Another Way To Die (Feat. Jack White) - Alicia Keys

Pedro Xavier

Censura ou bons costumes?



O primeiro poster, o da esquerda, foi o original. O segundo, o da direita, foi o remendo, a alternativa encontrada após o primeiro ter sido rejeitado pela MPAA (Motion Picture Association of America).

Founded in 1922 as the trade association of the American film industry, the MPAA has broadened its mandate over the years to reflect the diversity of an ever changing and expanding industry. The initial task assigned to the association was to stem criticism of American movies, which were then silent, and to restore a more favorable public image for the motion picture business. Today the association continues to advocate for strong protection of the creative works produced and distributed by the industry, fights copyright theft around the world, and provides leadership in meeting new and emerging industry challenges.”

Este excerto, retirado directamente do sítio da MPAA, caracteriza a instituição do ponto de vista para o qual foi fundada. No entanto, para o país que se afirma como o da liberdade, a MPAA é, na realidade, um dos mais antigos organismos de censura da arte existentes nos Estados Unidos. O cinema sofreu nas décadas de 60 e 70 graves repercussões originadas pela abertura de mentalidades. Os filmes começaram a quebrar tabus sociais, como o sexo e a violência, causando ao mesmo tempo controvérsia e fascínio. O MPAA interveio, principalmente, ao censurar publicamente filmes eróticos, actuando como o padre censurador de Nuovo Cinema Paradiso (Giuseppe Tornatore, 1988) (exemplo obviamente exagerado), que nos anos 90 se tornaram banais. Exemplo disso é o mais conhecido Instinto Fatal.

Depois de Porky’s e American Pie (todos eles), ainda admira que o MPAA funcione como consciência social, em vez de delegar esse posto à consciência de cada um.

Pedro Xavier

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Tributo a Robert McGinnis

Perguntam-se vocês “quem é Robert McGinnis?” Como temos vindo a dedicar periodicamente alguma atenção a posters emblemáticos da história do cinema, não podíamos deixar de parte, quase no esquecimento, o nome de Robert McGinnis. Este americano nascido em 1926, no Ohio, foi o criador dos mais emblemáticos posters fílmicos (mais de quarenta, nos quais se destacam Breakfast at Tiffany’s, Barbarella e os filmes de James Bond), capas de revistas pop nas décadas de 60 e 70 e no retrato do Oeste Americano. Paul Jilbert tirou o nome do autor do esquecimento lançando recentemente, em DVD, o documentário obrigatório Robert McGinnis: Painting the Last Rose of Summer.



New York, I Love You



No festival de cinema de Toronto (Toronto International Film Festival) foi apresentado, em estreia absoluta, New York, I Love You. Este filme é o segundo de uma série que começou com Paris, Je T’aime (2006) e que terá continuidade, nos próximos anos, em mais duas cidades: Shanghai, I Love You e Jerusalem, I Love You. Para quem desconhece o conceito de Paris, Je T’aime, e que é prolongado em New York, I Love You, a ideia é reunir vários realizadores e actores para dar forma à criação de vários episódios passados nestas cidades do amor, reunidos numa antologia romântica, ao que se pode chamar um franchise das cidades do amor.

Em Nova Iorque, cidade do amor e das desgraças, é revelado o melhor do amor num conjunto de 12 episódios, que conta com a realização de Allen Hughes, Shekhar Kapur, Joshua Marston, Mira Nair, Brett Ratner, Scarlett Johanson e Natalie Portman e com as interpretações de Kevin Bacon, Maggie Q, Orlando Bloom, James Caan, Ethan Hawke, Shia LaBeouf, Christina Ricci, entre outros. Depois de Manhattan e Annie Hall, ambos do realizador Woody Allen, nada como ficar à espera, com alguma ansiedade, de uma história de amor, que bem poderia ser a nossa.



Pedro Xavier

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ciclo Kurosawa


No Samuel Goldwyn Theatre, em Los Angeles, decorre o tributo ao realizador japonês Akira Kurosawa, cuja estreia foi marcada pela apresentação da novíssima cópia restaurada da obra-prima Rashomon (1950). Enquanto pela América se fazem tributos patrocinados pela Academia (Association of Motion Picture Arts and Sciences), aqui neste pequeno Portugal só poderemos contar com duas instituições (públicas, claro está) para realizar este género de eventos: primeiro, a Cinemateca Portuguesa; segundo, a RTP2. Esta última instituição de utilidade pública apresenta, desde o início de Setembro, algumas das mais marcantes obras de Kurosawa: Cão Danado (Nora Inu) e Os Sete Samurais (Schichinni No Samurai) já foram; O Trono de Sangue (Kumonnosujo) e A Fortaleza Escondida (Kakushi Toride No San Akunin) serão os próximos, ao sábado à noite, como sempre, na sessão dupla.
Pedro Xavier

Viva La Vida

Se for possível, “Viva la Vida” parace indicar uma evolução qualitativa. Sim, é possível! Este álbum, o quarto da banda de Chris Martin e companhia, surge 3 anos após “X&Y”, numa altura em que os Coldplay precisaram de alguma reflexão e redefinição. “X&Y” (2005) não foi nada equiparável ao sucesso estrondoso de “A Rush of Blood to the Head” (2002), o segundo da discografia da banda. Para não seguirem as passadas anteriores, contaram com a colaboração do produtor dos U2, Brian Eno, para os guiar por novos caminhos e direcções... e o resultado está à vista!

Desde “Life in Technicolor”, passando pelo single homónimo “Viva la Vida”, até “Death and All His Friends”, a banda britânica formada em 1998 conseguiu compilar todas as suas virtudes num pacote bonito e agradável, com vista atingir um lirismo soberbo, entusiasmante e sentimentalista, acompanhado por tons completamente equilibrados. “Viva La Vida”, o disco, é experimental e alternativo: é um misto de algo antigo do trabalho dos Coldplay e algo de novo.

Dos discos anteriores manteve-se aquele tom épico que a banda de Chris Martin deu às músicas. “Viva la Vida” é exemplo disso. “Violet Hill”, o outro single, é rock desordenado, ingovernável e indomável. É revolta… e está tão boa a música! “Strawberry Swing” leva-nos a tempos idos, medievais, com ritmos de tambores a fazer percussão e uma guitarra a dar um tom do campo, rústico, como uma cítara. Esta é capaz de ser a música mais refrescante e luminosa de todo o disco.

Estamos quase no final do disco, no entanto já passámos por “42” a mais melancólica de “Viva La Vida”. Calma, começa com um piano e a voz suave de Chris (faz lembrar John Lennon). De repente muda, temos uma longa sequência instrumental, electrónica, e eis que surge, num tom misto de alegria e tristeza «You thought you might be a ghost/You didn’t get to heaven but you made it close!». Sem nos apercebermos que acabou, já estamos a ouvir “Lovers in Japan-Reign of Love”, e por favor, sem mais ilusões ou enganos, estamos perante Arcade Fire (e isto não é uma crítica negativa), excepto a voz de Chris. Por fim, “Death and All His Friends” leva os Coldplay ao limite, põe a banda toda a cantar «I don't wanna follow death and all of his friends!», numa despedida digna de fazer parte de uma banda sonora de um filme.

O sucesso de "Viva La Vida" é merecido pois estamos perante uma das melhores bandas pop/rock de sempre.




Pedro Xavier

terça-feira, 16 de setembro de 2008

MI6 Declassified


Em ano Bond não passa ao lado qualquer novidade, principalmente quando Quantum of Solace está tão perto de estrear. Lá fora, mais precisamente por terras de Sua Majestade, acabou de sair a terceira edição de MI6 Declassified, uma revista a cores que celebra com pompa e circunstância todo o universo de James Bond. E o que traz esta edição, para gáudio dos fãs do herói criado por Ian Fleming? Novidades sobre o novo jogo da Activision com o título do mais recente filme, uma retrospectiva sobre o making of de Dr. No (a belíssima Ursula Andress na capa), artigos e fotos de Quantum of Solace e muito mais para abrir o apetite a qualquer fanático das aventuras do herói britânico. Para encomendar é só carregar aqui. Por agora, fiquemos com o trailer de Quantum of Solace.



Pedro Xavier

Reflexos




Dividir um poster em dois e usar a parte debaixo como reflexo que revela um carácter diferente da personagem do filme em questão, tornou-se uma maneira popular de criar e apresentar um poster. Já tínhamos conhecido The Life Before Her Eyes e o poster de Mirrors, o único que representa literalmente um reflexo. Em Flashbacks of a Fool (Baillie Walsh, 2008) o reflexo mostra uma versão mais nova da personagem interpretada por Daniel Craig (Casino Royale, Quantum of Solace, The Golden Compass) enquanto em Leaves of Grass (Tim Blake Nelson, 2009) é-nos dado um alter-ego (rumores apontam para que seja um gémeo) da personagem interpretada por Edward Norton (The Incredible Hulk, Fight Club, Red Dragon).

Pedro Xavier

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Na Mouche


Não sei o que terá passado pela cabeça de David Cronenberg (Eastern Pomises, A History of Violence, eXistenZ), mas foi no passado dia 7 de Setembro que estreou na sala de espectáculos LA Opera, em Los Angeles, a adaptação para teatro/ópera do vencedor do Oscar de 1986 na categoria de Best Makeup e nomeado na categoria de Melhor Filme no festival do Fantasporto, The Fly (A Mosca). A banda sonora está a cargo de Howard Shore (The Lord of the Rings, Eastern Promises, The Aviator, Gangs of New York, Panic Room) que também na década de 70 foi responsável pela sonoplastia do filme homónimo de Cronenberg.

Bem a propósito, a Cinemateca Portuguesa apresenta o filme esta terça-feira, dia 16, às 21h30. Como se costuma dizer, foi na mouche.



Pedro Xavier

O Regresso da PREMIERE


A notícia surgiu no sítio da Briefing, na internet, e logo como que por milagre da multiplicação, rapidamente foi divulgada pelos inúmeros blogs cujos blogers, com todo o gosto, dedicam grande parte do seu tempo, por profissão ou meramente como hobby, à análise de uma arte, a sétima por sinal.

Não o tínhamos divulgado primeiro, por uma questão de timming e também com o intuito de salvaguardar as expectativas dos inúmeros fãs desta revista de cinema, a única escrita em Português de Portugal e comercializada neste pedaço de terra à beira mar plantado.

Desde já ficam aqui as felicitações ao Francisco Silva, colaborador e co-fundador do Arte Revisitada, pela missão que tem pela frente como «único redactor» da Premiere, a par com vários colaboradores, de trazer, um ano depois, a revista de que todos gostamos.

Pedro Xavier