O texto seguinte foi publicado no blog Deuxieme a 3 de Março de 2008, com o título: «Este não é o Steve McQueen».
A revista Esquire mostra-nos este mês um curioso artigo, que se prende com a moda clássica desportiva do "americano". E, quem melhor para "vestir" a tradição americana do que um dos seus maiores ícones?
Intitulado "This is not Steve McQueen", o artigo contém 10 fotos com um manequim de McQueen vestido com várias peças, em poses e sítios que recordam todo o seu legado no mundo do cinema: montado na mota d' A Grande Evasão, encostado a um Mustang que nos remete para o incontornável Bullitt ou com o constante ar cool de The Thomas Crown Affair num hangar são alguns dos momentos deste ensaio.
É fascinante analisar, pondo o trabalho da campanha de parte, que tudo aquilo que se pretende vender com isto "agora" - a imagem masculina através dos adereços do vestuário - já McQueen usava há 40 anos atrás. Ainda assim, não vou pegar tanto na questão "original" do que Steve vestia (que já em si é um dado curioso e fortemente marcado nas gerações futuras como se vê), mas sim pelo facto constante da necessidade de consolidar tradições e recorrer-se a eternos clássicos para se decifrar novas tendências da moda, das artes, do pensamento e do próprio cinema.
Vale a pena sobre isto relembrar e repensar Steve McQueen, enquanto notável actor de cinema e ainda como figura masculina de destaque, cuja morte há 28 anos nada afectou na sua essência de homem / personagem, uma vez que continua a ser o único e inconfundível Rei do Cool, seja no imaginário da sétima arte (que revemos em DVD e na TV) como também no nosso quotidiano (presente na publicidade da Tag Heuer e da Ford, que são exemplos maiores actualmente).
Tudo isto não é, por isso, novo. Eis um dos momentos altos dos últimos anos na publicidade: um famoso anúncio do Ford Puma, onde o mundo cool de McQueen se demonstra maior que a própria vida, ao recuperar-se a sua imagem digital nas filmagens de Bullitt e se fazer um minuto de pura magia. Porque Steve McQueen houve um só, e foi, indubitavelmente, um dos maiores tesouros que o cinema conheceu no século passado.
Francisco Toscano Silva
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