O recente Ensaio Sobre a Cegueira de Fernando Meirelles, baseado na obra homónima de José Saramago, é, ironicamente, um filme com uma visão diferente, fria, dura, quase cruel.
Quando digo "visão", refiro-me precisamente à forma do realizador desconstruir todo um código visual de planos aos quais estamos tão habituados.
Na verdade, faz todo o sentido. Quando um realizador faz um filme, coloca a câmara tendo em conta o olhar das personagens, as linhas de força, os eixos. Num diálogo, todos estamos habituados ao famoso campo/contracampo. Mas nada disto poderia ser feito num filme onde os personagens são cegos. Este seria, aparentemente, o maior dilema de Fernando Meirelles.
A fuga à escala clássica de planos, o desfoque e a saturação das cores frias foi, sem sombra de dúvida, a solução ideal para o problema dos pontos-de-vista. Para além do mais, enchem de significado o desenrolar do enredo e imprimem uma marca muito pessoal ao filme.
É um filme que vive da força das imagens. E é isso mesmo que faz de Fernando Meirelles um realizador fora de série (a capacidade extenuante de encher de sentimento todos aqueles planos, contando-nos uma história que vive essencialmente daquelas imagens tão fortes, tão vivas).
O Ensaio Sobre a Cegueira é uma obra de arte.
Quando digo "visão", refiro-me precisamente à forma do realizador desconstruir todo um código visual de planos aos quais estamos tão habituados.
Na verdade, faz todo o sentido. Quando um realizador faz um filme, coloca a câmara tendo em conta o olhar das personagens, as linhas de força, os eixos. Num diálogo, todos estamos habituados ao famoso campo/contracampo. Mas nada disto poderia ser feito num filme onde os personagens são cegos. Este seria, aparentemente, o maior dilema de Fernando Meirelles.
A fuga à escala clássica de planos, o desfoque e a saturação das cores frias foi, sem sombra de dúvida, a solução ideal para o problema dos pontos-de-vista. Para além do mais, enchem de significado o desenrolar do enredo e imprimem uma marca muito pessoal ao filme.
É um filme que vive da força das imagens. E é isso mesmo que faz de Fernando Meirelles um realizador fora de série (a capacidade extenuante de encher de sentimento todos aqueles planos, contando-nos uma história que vive essencialmente daquelas imagens tão fortes, tão vivas).
O Ensaio Sobre a Cegueira é uma obra de arte.
Sara Toscano
1 comentário:
Não o considero uma obra-prima, mas considero um filme bem melhor do que tinha vindo a ler nas críticas estrangeiras. Acho que é uma das visões possíveis de um livro, esse sim, obra-prima!
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